quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Partes de mim

Sempre fui uma criança tímida e nervosa que chorava com coisas mínimas, detestava esta minha maneira de ser, detestava e ainda detesto. Nalgumas pessoas ser sensível é qualidade, no meu caso é mesmo defeito, não consigo lidar com as criticas dos outros, fico magoada facilmente.

As apresentações dos trabalhos à turma eram um tormento, sempre com as mãos e a voz trémulas. Tinha na minha turma alguns rapazes que eram mais críticos e mais gozões e isso era uma das grandes razões para estar tão nervosa. Como sabia bem como eles eram, saber que tinha de apresentar um trabalho em frente aqueles indivíduos causava-me grande ansiedade.



Com o passar do tempo comecei a reparar que algo não estava bem, não podia ser simples timidez. Não fazia sentido, 4 horas antes de sair com os meus amigos para a noite sentir uma grande ansiedade. Desconforto abdominal, ritmo cardíaco mais acelerado, respiração mais ofegante, frio. Não isto não podia ser normal. Decidi investigar o porquê disto me acontecer e depois de muita informação recolhida e testes realizados, cheguei a um tema que nunca tinha ouvido falar antes - fobia social.

Este é o meu problema, uma doença que define-se pelo "medo e até pânico, de estar em situações sociais, de ser julgado e avaliado negativamente por outras pessoas, de ser o centro das atenções, de ser observado, de ficar numa situação humilhante face a outros, parecer ridículo, tolo, desajeitado, de não estar à altura da situação." Agora percebo porque chorei daquela vez que tive aquela nota miserável no teste, eu não estava a chorar por causa da nota em si (sempre estudei para passar e não para ser a melhor), mas sim a chorar por causa da opinião do  professor a meu respeito. As apresentações de trabalhos causavam-me ansiedade, porque tinha medo que me julgassem e como sabia que havia indivíduos bastante críticos naquela sala, isso agravou o meu medo.

De repente senti que havia solução para o meu problema.

No entanto nunca fui a um psicólogo, sei que me fazia bem e além disso teria um diagnóstico feito por um profissional e não um auto-diagnóstico, mas lá está não me sinto confortável...

6 comentários:

  1. Meu caso é um pouco diferente...
    Sou super aplicada aos estudos e me esforço pra tirar sempre boas notas.(perfeccionista)
    Mas tudo para "causar uma boa impressão",a opinião das pessoas mechem muito comigo.
    Eu preciso ouvir um elogio,vez ou outra,pra acreditar que tenho algum valor.
    Sofri "bullying" durante seis anos da minha vida,sendo ofendida e humilhada todos os dias.
    Mas se engana quem pensa,que os agressores eram meus colegas de classe...muito contrário,nunca fui importunada por eles.
    Sabe aquele sensação de que todos estão te olhando,rindo,falando de você?
    Em meu caso,não tinha apenas a "impressão".Era realmente vítima da perseguição dos rapazes por onde passava(pela "feiura") e dos vizinhos(por ser extremamente tímida,ou seja,"metida" e feia)
    Sabe..esses mesmos que falavam "gostoosa!",quando uma moça bonita passa por eles.
    E nisso eu evitava sair de casa..por saber que ouviria horrores na rua.
    Cheguei ao ponto em que não saio de casa sozinha pra nada.

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    1. Estou a ver que temos muito em comum. Tal como tu também a opinião dos outros é muito importante.
      Também fui muitas vezes humilhada por não ser atraente, já me chamaram tanta coisa... Fazem questão de gritar no meio da rua "que gaja feia!" para toda as pessoas ouvirem. Ou então fazem comentários irónicos. Como levei a vida toda a ouvir comentários negativos sobre a minha aparência, nunca consigo acreditar quando dizem que sou bonita (são meus amigos é claro que não iam dizer o contrário).
      Esse sim também é um dos motivos de eu não sair muito de casa.
      Mas apesar de tudo tento sair, nunca me apetece ir sair com os meus amigos para a discoteca, no entanto acabo por ir... Eu sei bem o que estás a passar. Mas sê forte e não cedas à opinião dos outros, não deixes de sair por causa de gentinha que pensa que é mais que os outros mas que afinal não são nada. Sei o quanto é difícil... mas coragem!!! :)

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  2. Oi! Eu acho que tenho fobia social assim como vcs. Desde criança fui muito tímida. E como no colégio só tinha eu de japonesa, os meus coleguinhas enchiam o saco. Na hora do recreio ficavam tirando sarro de mim. E eu batia em todos. Minha mãe relatou, depois que fiquei mais velha, que ela me viu sozinha no colégio, sem amiguinhos. Tb pudera.

    Sempre foi assim até a adolescência. Nessa fase ninguém me enchia no recreio, mas tinha um menino que ficava me chamando de japa, Jaspion e se fosse agora, me chamaria de Naruto ou de Pokemon. Ficava puxando os olhos e rindo hihihi na minha frente o tempo todo.

    Hoje tenho pânico de ir ao shopping, de ir para festas, inclusive casamento de primos. Dirigir é outro problema porque vejo muitas pessoas e isso dá vontade de acelerar até a minha casinha. Como isso não é possível no congestionamento, nem pego no volante.
    E sempre me julgo. Sempre me achei feia, burra, incapaz. Vou fazer alguma coisa, eu olho pra minha mãe para ver se ela está olhando. Quando começa a ficar tarde, fecho as persianas, vai que alguém do prédio da frente vai ficar xeretando. Não gosto de comer em restaurantes, se for, sento na cadeira mais longe possível da movimentação e de costas para as outras pessoas. Seminários não tenho problemas.

    O estranho é que eu adoro um karaoke. E não é cantando sozinha, é com outras pessoas vendo. Isso eu não entendo...

    Às vezes penso que nasci com a fobia social no sangue e só faltou esses fatores externos para o problema aparecer. E tb meu pai sempre me chamou de burra, inútil...juro que não lembro de um elogio dele. Não querendo culpá-lo, mas isso me machucou muito e devo carregar isso pra sempre. Só queria contornar a situação. Apagar, acho que não apaga, mas acho que tem como amenizar.

    Outros problemas são as auto-críticas. Outras pessoas, como o meu irmão, tb me critica dizendo que tenho que dirigir, mas aí eu penso "eu já sei que tenho, mas não consigo". Poxa! Fico irritada quando alguém me critica e diz algo que já estou consciente.

    Será que um dia minha família vai entender que tenho problemas internos? Eu no momento sofro calada.

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    1. Olá anónimo.

      Entendo perfeitamente a tua situação, é difícil ultrapassarmos ou não nos deixarmos afectar por certos comentários (principalmente quando vêm de pessoas importantes para nós). E tal como disseste eu também sou muito auto critica, talvez demasiado perfeccionista.

      Fico feliz por te sentires bem no karaoke (eu não consigo!), mas a fobia social não tem de se manifestar necessariamente em todas as situações sociais. Quanto à condução só de pensar que vou ter de conduzir já fico ansiosa, é muito complicado para mim especialmente quando há trânsito. (estou a pensar escrever um post sobre o mesmo)

      Não deixes que essa vontade de ficar em casa determine a tua vida, sai o máximo que puderes mesmo que não tenhas vontade. Enfrenta esse medo paralisante, pouco a pouco vais ficando mais à vontade em certas situações e lugares. Se tiveres alguém com quem falar, não hesites e pede ajuda!

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  3. Vi-me descrita nesse seu post. Curioso, antes mesmo de ler o seu post eu já queria escrever no meu blog (http://dentedeleao.wordpress.com) associando o fato de eu sempre chorar em situações um tanto quanto inadequadas (ex: jogando vôlei) e a fobia social. Exatamente com o mesmo link que você fez, o medo do julgamento alheio. Foi a primeira vez que li alguém relacionando os dois elementos (chorar e fobia social). Parece que você me descreveu!

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  4. Eu estou tendo muitos problemas com a graduação. Eu costumo não pegar disciplinas com seminário na ementa, mas às vezes é necessário. Acontece que, quando necessito pegar essas disciplinas com seminário, eu passo um semestre todo me preparando psicologicamente para o seminário, mas chega no dia e eu desisto. Já cheguei a entrar na sala de aula, ter um surto de pânico e sair correndo.
    Como vou me formar? Como vou arrumar um emprego?
    Eu quero muito me cuidar, quero muito deixar de ser assim, mas não sei a quem recorrer.
    Já procurei atendimento psicológico na faculdade, mas por e-mail não explicam nada e me indicam um número de telefone. Não tenho coragem de falar ao telefone!
    Eu só consigo falar por e-mail (mesmo assim com dificuldade), mas eles não entendem isso.
    Eu já fiz muito esforço em tentar procurar ajuda (conversar com um profissional seria um desafio absurdo para mim), mas eles não cooperam com o restante. Como uma pessoa na nossa condição busca ajuda se a gente não consegue falar com pessoas?

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